A partida de logo mais entre Flamengo e River Plate, da Argentina, pela final da taça Libertadores da América, jogo que acontece a partir das 17h, horário de Brasília, direto de Lima, capital do Peru, é um divisor de águas para o clube rubronegro. Assim estão definindo os torcedores mais apaixonados. A geração de quarentões, por exemplo, quando o Flamengo foi campeão da Libertadores pela última vez, em 1981, tinha 4 anos de idade.
Os tempos são outros, o jogo é contra argentinos, em campo neutro, mas sem nunca afastar o fantasma da mistura entre disputa e rivalidade.
Em 1981, na final contra o Cobreloa, do Chile, a geração de Raul, Mozer, Ney Dias, Zico, Júnior, Leandro, Adílio, Andrade, Tita, Nunes era praticamente um exército. Venceu a Libertadores e depois o Mundial de clubes no Japão. Na final da Libertadores, Zico foi o homem da partida, eleito o melhor jogador em campo, e também o artilheiro do torneio com 11 gols. Em 1982, o ‘Galinho de Quintino’ viria a brilhar na Copa da Espanha defendendo a seleção brasileira, comandada pelo lendário Telê Santana, infelizmente derrotada nas quartas de final pela Itália, num dia de glória para Paolo Rossi, que marcou os três gols contra o Brasil, mandando a seleção ‘canarinho’ de volta para casa mais cedo, trazendo na bagagem a frustração de adiar o sonho do tetra, com uma das melhores seleções de todos os tempos.
Ironia dos deuses do futebol, ou não, se passar pelo River, hoje, na Libertadores, o Flamengo vai enfrentar o Liverpool da Inglaterra, (campeão europeu), mesmo adversário que o clube carioca enfrentou e venceu no dia 13 de dezembro de 1981. Naquele ano o Flamengo papou a tríplice coroa. Venceu o estadual do Rio (Campeonato Carioca), a Libertadores da América e o Mundial, três títulos conquistados em 21 dias. Talvez, 1981 tenha sido historicamente o mais importante ano do time.
O jornal A Praça foi às ruas nesta sexta-feira, 22, um dia antes do jogo, para ouvir torcedores e medir o grau de confiança dos flamenguistas diante do desafio de logo mais. Nas abordagens foi possível encontrar torcedores de perfis diferentes, mas de uma unanimidade, quando a pergunta foi “há quanto tempo você é torcedor (a) do Flamengo?”, a maioria respondeu: “desde criança”. Esta foi a resposta da estudante Kelly Lucena, 21, que arriscou até o placar do jogo 2×0, usando a camisa do time, mas pediu para não ser fotografada. Aprendeu a gostar do clube carioca incentivada pelo pai Alderi. “É amor desde criança’, emendou.
Renildo Souza, 50, a profissão é vender camisas de clubes de futebol. Foi ele quem a reportagem encontrou na Rua Floriano Peixoto cuidando do negócio, mas também se preparando para ver o jogo mais tarde. Renildo afirmou que aumentou a procura pela camisa do Flamengo, o que ele atribui à boa campanha do clube no Campeonato Brasileiro, e até arriscou também seu placar: “Vai ser de 2×0, Flamengo campeão”.
Bernardo de Souza, 52, lavador de carros, torcedor também desde a infância, está confiante na conquista do bicampeonato. Assim também é a Iara Holanda, 24, que mora em Umarizeira (entroncamento Iguatu, Cariús, Várzea Alegre, Cedro), torcedora desde criança, que acredita na vitória. Neri Leite, 70, sobra em torcida. Ele se declara um torcedor desde a infância e revela que em sua casa todo mundo também torce, desde a esposa, filhos e netos.
Gil Oliveira dos Santos, 57, um baiano arretado, é torcedor apaixonado. Difícil você encontrar o cara sem o uniforme oficial, a camisa e o boné do clube do coração. Gil trabalha consertando relógios numa pequena banca no cruzamento da Floriano Peixoto com a Santos Dumont, no Centro de Iguatu. Apaixonado por bola, jogou em vários clubes e chegou a ganhar uma credencial para fazer teste no Vitória, da Bahia, mas os problemas com o joelho impediram a chegada dele ao futebol brasileiro da primeira divisão. “No nível que o Flamengo está jogando, um futebol de alto nível, para os padrões brasileiros, tem tudo para ser bicampeão da Libertadores”.
0 comentários