A localização de uma torre de transmissão da Rádio Liberdade AM, atualmente em processo de migração para FM, na Lagoa da Bastiana – área considerada de proteção ambiental – tem gerado embates entre a emissora e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente na cidade de Iguatu.
A cidade segue dividida entre os que apoiam a preservação ambiental e os que defendem a permanência de um patrimônio histórico da comunicação local.
A torre, com 65 metros de altura, está localizada nas proximidades de um manancial, que recentemente passou por uma obra de urbanização no seu entorno. A estrutura foi erguida há mais de seis décadas – a área foi autorizada por uma lei federal em 1956, e a rádio começou a operar em 1962, época em que ainda não existiam legislações específicas sobre proteção ambiental.
Nos últimos anos, a Rádio Liberdade AM tem enfrentado o desafio da migração do sinal AM para FM, processo que exige adequações técnicas. Segundo o diretor da emissora, Luiz Vasconcelos, retirar a torre hoje seria “tecnicamente inviável” devido à complexidade da estrutura. “Além da torre, num raio de 40 a 50 metros, existe uma rede radial com fios de cobre que formam uma espécie de teia. Arrancar essa torre para colocar em outro lugar se tornaria inviável. A emissora poderia até sair do ar definitivamente”, afirmou Vasconcelos.
Multas
Apesar da longa permanência da estrutura no local, a Secretaria de Meio Ambiente notificou a emissora e aplicou duas multas no valor de R$ 5 mil cada, além de estabelecer que, após 15 dias, caso a torre não fosse removida, uma multa diária de R$ 1 mil passaria a ser cobrada. A rádio alega que teve apenas cinco dias para apresentar documentação ambiental e que seu pedido de prorrogação técnica de 60 dias foi negado sem qualquer justificativa.
A situação fez com que a emissora divulgasse uma Nota de Repúdio, classificando a decisão da Secretaria como “meramente política”. A Rádio Liberdade ressaltou que jamais enfrentou esse tipo de problema em administrações anteriores e se disse vítima de perseguição por parte da atual gestão. “Lamentamos profundamente que, após tantos anos de compromisso com a informação, a cultura e a liberdade de expressão, a Rádio Liberdade esteja sendo tratada com tamanha hostilidade. Seguiremos firmes, confiando na justiça, na transparência e no apoio do povo de Iguatu”, diz um trecho da nota assinada pela direção da emissora, divulgada na quarta-feira, 09.
Sem resposta
A reportagem do Jornal A Praça entrou em contato com a Secretaria de Meio Ambiente e com a Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Iguatu, mas até o fechamento desta matéria, não houve posicionamento oficial por parte da gestão municipal.
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