Em face do clima de absoluta preocupação e intranquilidade de todos, com a eclosão da pandemia, o COVID-19, na solidão a que me entreguei em meio à Mata da Serra de Guaramiranga, onde tenho um sítio, havia decidido escrever neste espaço somente amenidades, os livros e os filmes com que tenho procurado preencher o tempo, por exemplo.
Mas conclui que estaria incorrendo num certo tipo de omissão, uma vez que atinge níveis inaceitáveis o festival de estultices e insanidades cometidas pelo monstro que ocupa a mais importante cadeira do país, e na inapropriadamente identificado como Presidente da República.
Trata-se, efetivamente, de um indivíduo desprovido de qualquer qualidade humana que se possa ressaltar. Mas não só isso, claro. Ao lado…
Não há palavras com que se possa classificar o seu pronunciamento da terça-feira 24, quando Bolsonaro atacou imprensa e defendeu que se reconsidere o isolamento social instituído pelos governadores a fim de minorar a expansão do contágio que levará fatalmente milhares de brasileiros à morte. Este fato por si só caracteriza um crime de responsabilidade suficiente para justificar o seu impeachment.
Antes tarde do que nunca, que me permitam a chulice do lugar-comum, constata-se o cair da ficha de muitos que o elegeram, algo que se soma às demonstrações de solidariedade entre as pessoas como combustível a alimentar a minha utopia de que haveremos de sair desta crise monstruosa em alguma medida redimidos. Os artigos 136 e 137 da Constituição não me deixam mentir.
Não deixa de ser revoltante, todavia, saber que ainda existam entre os fundamentalistas de direita – pessoas conhecidas, intelectuais, professores – gente de cepa acadêmica que não só contribuiu com seu voto para este estado de coisas, mas que continua, desavergonhadamente, a tentar defender o indefensável, movida ainda pelo ódio a Lula e ao PT.
A esta altura, perguntará o leitor e os megaempresários, essa elite que financiou o golpe disfarçado de impeachment em 2016, que foi às ruas cinicamente pintada de verde e amarelo para exaltar o senhor Jair Messias Bolsonaro como “Mito” da vez?
Bem, prezado leitor, essa gente, a história tem sido pródiga em dizer, por dinheiro faz qualquer coisa, pisar no pescoço da mãe para chegar ao cimo, por exemplo.
Álder Teixeira é Mestre em literatura Brasileira e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais
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