Trussu chega a nível crítico com 2,55% da capacidade

24/08/2019

A seca que afeta está região do Centro-Sul do estado do Ceará chega ao sétimo ano seguido com pouca recarga prejudicando pequenos, médios e grandes mananciais, principalmente o açude Dr. Carlos Roberto Costa, o Trussu, que agoniza. O reservatório abastece Iguatu e Acopiara e está localizado no distrito de Suassurana.

De acordo com o portal hidrológico da Companhia de Gestão de Recursos Hídricos – COGERH, o Trussu está apenas com 2,55% da capacidade, correspondendo a cerca de 7 milhões de m³. A capacidade de armazenamento do Trussu é de 300 milhões de m³. O baixo volume prejudica o abastecimento das duas cidades, além da perda da qualidade da água que é fornecida para população. “Isso significa que no decorrer do segundo semestre, no Ceará, não tem chuvas que mudem o cenário de aporte. É claro que até o final do ano o açude vai diminuindo ainda mais seu volume, isso significa o comprometimento na qualidade da água. A previsão é que o Trussu chegue ao começo de 2020 com cerca de 2 milhões de m³, isso para o porte dele é muito pouco”, disse Anatarino Torres, gerente regional da COGERH.

“As obras que têm sido feitas pela COGERH, tanto na construção da adutora, na limpeza dos poços de aluvião, assim como o trabalho feito pelo SAAE de Iguatu, têm a intenção de que pelo menos no final de setembro, começo de outubro, a cidade esteja totalmente isolada do abastecimento do açude Trussu. Quanto antes a gente parar o abastecimento para o Iguatu, mais água sobrará para atender Acopiara, fazendo com que a gente entre 2020 com água que dê para abastecer Acopiara. Depois iremos esperar o início do ano para ver como vai ficar o abastecimento de Acopiara”, explicou Anatarino Torres.

A pouca água que ainda resta é canalizada para o abastecimento da população da cidade e adjacências

Qualidade da água

Por conta do baixo volume do Trussu, moradores de Iguatu reclamam da água que é fornecida no abastecimento. “Antes bebia água do Trussu, mas hoje não tem mais qualidade, é escura e tem cheiro forte. A gente além de pagar por ela, tem que comprar água pra beber. Até meu filtro que tinha ligado na rede, não estou mais usando por conta dessa água”, lamenta a dona de casa Edvânia Gomes, moradora do bairro Santo Antônio.

A situação afeta também comunidades rurais que dependem diretamente da água do Trussu. “Eu tenho uma casa, no sítio Ererê, que antes ficava com água bem perto de casa, agora não temos água porque se afastou. Os bichos estão morrendo de fome e sede. Só tem lama. Quem plantou não tirou nada. Vim prapro Iguatu, tenho essa casinha no Prado, vim passar por aqui essa temporada de seca. Vou lá no sítio mesmo só pra ver como estão as coisas, mas nunca tinha visto o Trussu tão seco. Agora espero que as coisas melhorem também por aqui. Essa água que vai passar aqui na minha porta vai ajudar a gente, se Deus quiser”, ressalta o agricultor aposentado Vicente Félix, referindo-se à nova adutora do SAAE, que está sendo construída e passa na rua 27 de novembro, no bairro Santo Antônio.

Captação de água

De acordo com projeto do município, a ideia é que Iguatu tenha três fontes de captação de água: o açude Trussu, os poços de captação do Rio Jaguaribe e o aquífero Julião. A previsão da autarquia, de acordo com o andamento da obra, é que até o final de setembro a obra de construção do reservatório de reunião de água com a construção da Casa de Bombas e subestação de energia que irão receber água dos poços do aquífero também esteja concluída.

O reservatório tem capacidade para armazenar até 280.000m³. Já começou a receber água durante essa fase de testes. No total serão sete poços abastecendo o reservatório. Nos testes de vazão feitos pela Secretaria de Agricultura e SAAE, a vazão de cada poço chega em média a 120 metros cúbicos por hora.

Sem racionamento

O SAAE descarta o racionamento de água para Iguatu. Mesmo com uma garantia hídrica, o uso da água deve ser racional. “Esse conjunto de captações vai garantir a segurança hídrica de Iguatu, inclusive no futuro próximo Iguatu vai ser uma das cidades da nossa região semiárida, uma das cidades com mais capacidade hídrica, através desse conjunto de obras estão sendo feitas. A perspectiva é que não vai ser preciso fazer racionamento, mas nós consumidores devemos ter essa consciência de economizar água, fazer nosso próprio racionamento”, declarou Rafael Rufino, superintende do SAAE.

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