Alguns princípios norteiam a mentalidade conservadora, no sentido de que tais princípios sirvam como guias para o bem proceder do indivíduo inserido, aqui, nas suas relações interpessoais. Vivemos, claro, em convivência com o meio político – querendo ou não -, direta ou indiretamente. Ocorre, prezado leitor, que o conservador é antes de tudo, um cético ante qualquer projeto ideológico que sugira algo romantizado, perfectível ao homem. O sr. Roger Scruton (1944-2020) (estupendo conservador que nos deixou em janeiro deste ano) reafirma esse ‘‘pé-no-chão’’ prudente do conservador em uma de suas mais conhecidas frases: ‘‘ O conservadorismo advém de um sentimento que toda pessoa madura compartilha: a consciência de que as coisas admiráveis são facilmente destruídas, mas não são facilmente criadas.’’ Os bens coletivos, o sistema, a política, as relações gerais, a ideologia… Tudo, evidentemente, requer uma manutenção da ordem para sua proteção, para sua perpetuação. O conservador não crê em mudanças mágicas, utópicas. Não crê nesse mundo de pessoas boazinhas e perfeitas do futuro inalcançável; mas também não se prende ao passado – que, como diria Belchior (1946-2017) em sua fantástica “Velha roupa colorida”: “não nos serve mais” – que caducou. Perceba, estimado leitor, que o conservadorismo rejeita o radicalismo revolucionário e também o reacionário. O princípio da prudência, como podemos ver aqui, norteia o indivíduo nesse aspecto.
Não apetece ao conservador as ideias que comprometam a segurança do estado de coisas. Largar tudo mediante uma aposta – linda teoricamente – é sempre uma aventura quando se é um incauto e pueril jovem; mas tal atitude não convém a um homem feito. Com o passar dos anos, muitos de nós tornamo-nos conservadores (leia-se: maduro). Mas afinal, o que guia um conservador, de fato? Quais são esses tais princípios? Trouxe, para agora, apenas um início de conversa honesta, meu caro leitor! Convido o amigo leitor a embarcar nessa proposta, mesmo que em nível de pura curiosidade, para que possas ter uma nova escolha sobre o seu posicionamento ante a tudo que nos rodeia, afinal, fazemos parte do processo. Mas, para ser mais explícito, posso apontar alguns princípios já de pronto. Seriam eles: a ordem, o costume, o estabelecimento, a prudência, a consciência da imperfectibilidade, a liberdade, o direito de possuir o que é seu, o dever para com as gerações passadas e vindouras são alguns desses nortes. Contudo, tema dessa importância deve ser esmiuçado. Assim sendo, falarei mais a respeito nas próximas edições do estimado A Praça que tens em posse.
Para que o leitor possa compreender melhor os meandros do conservadorismo, deixo um endereço eletrônico para que o leitor, caso queira, possa ler sobre o elementar. Trata-se de um curtíssimo texto do indispensável sr. Russel Kirk (1918-1994). Boa leitura!
Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História
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