Uma questão de consciência

30/04/2022

Eis que, numa instância, depois noutra, aqui e lá fora, numa sequência de vitórias que humilham seus algozes e detratores, Lula vai se impondo como a figura ilibada que sempre foi. E quando falo de seus algozes e detratores, nem preciso me referir a gente como Sergio Moro, esse “herói” feito de areia e lama, esse trapo humano que envergonha a toga e a Nação.

Não, refiro-me a uma certa elite fajuta e perversa, e a uma classe média matadora de si mesma, pensando-se classe dominante.

Agora foi a ONU a deitar por terra o veredito acochambrado com desídia e ódio.

Que homem honrado, que ser diferenciado este Luiz Inácio Lula da Silva, que é capaz de suportar toda sorte de perseguição, inomináveis mentiras e a injustiça que lhe fazem, assim, com tanta serenidade, tanto equilíbrio, tanta paz!

Decerto porque possui o dom de enxergar além, de conhecer os acontecimentos do futuro: “Um dia o Brasil saberá quem está me julgando!”, dizia ele, olhando nos olhos do canalha. E assim foi!

Com o parecer do Comitê de Direitos Humanos da ONU, Lula conquista o reconhecimento definitivo de que a Operação Lava Jato, o então juiz e ex-ministro de Jair Bolsonaro, Sergio Moro, e o procurador Deltan Dallagnol atuaram de forma criminosa a fim de condenar o ex-presidente e tirá-lo do páreo nas eleições de 2018, o que constitui um desrespeito a um tratado internacional da Organização das Nações Unidas, de que o Brasil é signatário.

Tudo, diga-se em tempo, com a conivência de instâncias do Judiciário, da grande imprensa, e, como de costume, da índole sacana de endinheirados.

Sob este aspecto, é emblemático o que diz a nota emitida pela ONU: Negou-se a Lula um julgamento justo e as gravações feitas tinham um objetivo precípuo, o de impedir sua defesa a fim de condená-lo e desconstruir a sua imagem perante a opinião pública. E, como já dito, usurpar-lhe os direitos políticos.

Cabe ao governo brasileiro, como propõe a nota do Conselho de Direitos Humanos da ONU, dizer como irá reparar o que se fez, criminosamente, contra Lula.

Aos brasileiros do Bem e da Verdade, que valorizam a democracia e o Estado de Direito, como sugere o prestigiado colunista Hélio Schwartsman, em edição de hoje do jornal Folha de S. Paulo, “não ter dificuldade para decidir contra quem precisa votar no pleito deste ano”.

É tudo uma questão de consciência!

Álder Teixeira é Mestre em literatura Brasileira e Doutor em Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais

MAIS Notícias
Sempre Paris
Sempre Paris

No campo da literatura e de outras artes, há algum tempo, premiações e honrarias deixaram de representar, necessariamente, a qualidade de obras e autores. Muito pelo contrário, carregadas de subjetivações e interesses estranhos à matéria de que tratam, essas...

O amor não é necessário
O amor não é necessário

Li, durante a semana, o recém-lançado (e recomendabilíssimo!) "Clarice Lispector, entrevistas", publicado pela Rocco com organização de Claire Williams, da Universidade de Oxford. Sobre o livro escreverei em coluna das próximas semanas, mas o farei transversalmente em...

A beleza salvará o mundo
A beleza salvará o mundo

A frase é de Dostoiévski e aparece em pelo menos dois romances do escritor russo. Mas o seu simbolismo ganha peso no delicado momento em que o ideário neofascista ganha corpo ao redor do mundo com a vitória da ultradireita nos Estados Unidos. A trazer alento ao que...

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *