Março ainda está em curso e parece que foi ontem o dia 05, data em que comemoraria 111 anos o poeta Patativa do Assaré, um ícone da nossa cultura em nível mundial que nasceu e viveu na cidade distante menos de 120km de Iguatu.
Na programação desse ano esteve o lançamento do livro ‘Um sertão encantado’, que reúne pouco mais que uma dúzia de artigos sobre o Poeta Popular, organizado pela professora Socorro Pinheiro e pelo professor Iraildo Brito.
O livro reúne uma coletânea de artigos que se debruçam sobre diferentes aspectos e faces da rica obra de Patativa.
Dante na Divina Comédia precisou de um guia para o ajudar e entender o que via naquela viagem pelos mundos além. Quem leu sabe que um guia bom daqueles faz uma diferença danada.
Assim, para percorrer o rastro de Patativa, encontrar as estações da Paixão da obra do sertanejo, o livro oferece esse passeio.
Posso dizer que “Um sertão encantado” pode ser lido de duas maneiras: devorando ou deliciando.
Nos dois casos é uma leitura muito enriquecedora, porque ensina a compreender melhor o discurso de Patativa, que é cada vez mais atual e urgente de se entender.
O livro mostra a força do poeta na luta por Justiça Social, pela busca de viver bem no sertão, a filosofia de vida, tudo condensado por autores que destilam o melhor e mais profundo licor dessa poesia.
As mulheres são um capítulo especial na obra, uma joia da professora Socorro Pinheiro, mostrando a mulher nordestina pelos pela poesia de Patativa.
A riqueza da linguagem, do jeito mais nosso de falar, também é conversado em uma linguagem acessível. Essa é uma nota constante em todos os artigos.
O que acho fascinante no livro é como os autores garimparam tanta coisa bonita de Patativa, mostrando o cidadão do mundo que ele foi, sendo sempre o cidadão da Serra de Santana, onde nasceu.
Não sem razão e muito bem explicado, Patativa é colocado no Panteão de grandes escritores da monta de José Saramago, José Lins do Rego, e outros que marcaram nossa literatura. A filosofia, a complexidade filosófica do ser-poesia de Patativa, visto pelas lentes de Gramsci e de outros pensadores.
Finalmente e acima de tudo, o livro é uma explicação minuciosa, elaborada em cada letra, por grandes professores, e tem seu grande valor em falar nossa linguagem e traduzirem Patativa para todos os ouvidos.
“Um sertão encantado” pode ser encontrado na Coordenação do Curso de Letras da FECLI/UECE, Campus Multiinstitucional Humberto Teixeira.
Jan Messias é radialista, fotógrafo e estudante de direito
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