Uma vida nova para uma velha vida

01/06/2024

“E quem recebe uma criança, como esta, em meu nome, é a mim que recebe.  — E se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que creem em mim, seria melhor para esse que uma grande pedra de moinho fosse pendurada ao seu pescoço e fosse afogado na profundeza do mar.  — Ai do mundo por causa das pedras de tropeço! Porque é inevitável que elas existam, mas ai de quem é responsável por elas!”   Mateus 18.5-7

 

Segundo o conservadorismo do irlandês Edmund Burke (1729-1797), temos uma obrigação para com a nossa geração passada e a vindoura. No presente, portanto, somos uma espécie de ponte, de elo entre o passado e o futuro; e cabe a nós conservar os valores passados, mantê-los e passa-los para a nossa próxima geração.

Essa consciência me fora apresentada enquanto entusiasta leitor dos autores desta corrente ideopolítica e social. Ocorre, preclaro leitor, que ela é plenamente aplicável no seio familiar, como o perspicaz leito já deva ter notado. Enquanto pais, temos a obrigação de conduzirmos os nossos pelos caminhos valorosos das tradições que essa geração deturpada renega incansável e estupidamente.

É também um dever moral, na realidade. Se, ao ver o seu rebento, aquele ser indefeso e imaculado, novato neste mundo doentio, você não sentir a necessidade de conduzi-lo ao caminho da sensatez, certamente você sobre de uma indiferença paternal, posto que tal desejo se faz naturalmente, sem que nos esforcemos para tanto.

Uma abençoada vida nova surgiu na minha vida, e não tenho a menor pretensão de ser omisso à missão que o Senhor me confiou. Não cuidarei de tal missão sozinho, evidentemente, mas farei o possível para empenhar-me sobremaneira na parte que me cabe; que a mim compete compromisso e seriedade em semelhante responsabilidade.

A cada amanhecer, enquanto o sopro divino estiver em meus pulmões, estarei disposto a, com alegria ou agonia, seja como for, lutar pelo melhor dele, pois Deus me deu o melhor dele para que nós o cuidemos: a saber, o nosso já tão amado Olavo. Que Deus nos abençoe!

 

Cauby Fernandes é contista, cronista, desenhista e acadêmico de História

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