Vendedor de brigadeiro agora é acadêmico de Educação Física

05/10/2019

Nesta semana nossa reportagem encontrou mais uma vez com o jovem Abel Silva, 24, que vende docinhos nas ruas de Iguatu. Ele já teve parte de sua história como vendedor de brigadeiro e beijinho registrada nas páginas do A Praça, em maio passado, continua vendendo as guloseimas. Na época contou que começou a vender as sobremesas para conseguir a quantia de R$75,00 para se inscrever no vestibular para cursar Educação Física. Depois de algumas tentativas sem muito sucesso, Abel conseguiu ser aprovado está fazendo o tão sonhado curso, na URCA – Universidade Regional do Cariri. “Eu nem acreditei quando vi o resultado. Estou muito feliz, parece até um sonho o que estou vivendo. Era o que eu queria e graças a Deus consegui. Agora só continuar me dedicando e estudando ainda mais”, destaca o jovem.

As aulas acontecem no período da manhã, de segunda a sexta-feira, no Campus Humberto Teixeira. O curso é gratuito. Na faculdade ainda poucos colegas conhecem a história do jovem. Quem passou a conhecer admira a iniciativa do rapaz. “Eu conheço Abel das ruas, porque também vendo vatapá e mousse. A gente vive se esbarrando por aí. Mas não sabia que o propósito dele tinha sido esse de ajudar nos estudos. Isso é muito bonito. Ainda mais vindo de pessoa jovem como ele”, ressalta Aíla Duarte, colega de turma.

“Eu não conheci, achei muito legal. Isso motiva a gente. Saber que podemos acreditar em nossos sonhos e correr atrás para realizar”, comentou a estudante Maria Andressa de Oliveira.

Abel Silva, que já foi notícia neste periódico ainda como aspirante à carreira acadêmica, agora realiza o sonho da universidade

Abel é praticante de corrida e fisiculturismo. Colecionador de medalhas e troféus, conta que sempre enfrentou dificuldades financeiras para praticar os esportes. Mas seu exemplo de superação e determinação tanto para os estudos e para as outras atividades é visto como exemplo. “Infelizmente, não é só Abel que passa por essas necessidades. São muitos exemplos de pessoas que se superam, em busca de realizar seus sonhos. É louvável essa determinação dele. Está de parabéns. Isso porque já fui atleta e sei o que a gente perde de campeonatos e competições por falta de incentivo. O jeito é correr atrás”, comentou o professor Anderson Araújo.

Entusiasmo

Os docinhos ele faz em casa, depois que chega da faculdade por volta de meio-dia. O material, compra pronto: a pasta de doce de coco e a de chocolate. Com as mãos faz uma a uma as generosas bolinhas de beijinho e brigadeiro. Com a venda das sobremesas, Abel passou a comprar mais produtos e ajudar nas despesas de casa, onde mora com os avós, no bairro Vila Centenário. “Foi uma alegria grande pra gente. A gente já esperava porque ele é um menino dedicado. É muito esforçado. Ficamos muito felizes porque ele continua vendendo os docinhos, ajudando nos estudos dele. Ajuda também em casa, numa água, na energia. É um menino bom”, comentou alegremente a avó dona Socorro Silva.

O jovem sabe das dificuldades que enfrenta, mas se mostra entusiasmado com as conquistas e continua correndo atrás de seus sonhos. A produção passou de 20 docinhos inicialmente para 70 que são feitos atualmente por dia. Depois de prontos, coloca os docinhos no reservatório, por volta das 2 da tarde e sai de casa para vender pelas ruas da cidade. Quem prova os doces vira cliente. “Ele praticamente passa aqui todos os dias, depois que a gente almoça. Ficamos na expectativa dele trazer essas delícias. Eu não tinha experimentado, mas meu esposo já tinha comprado uma vez. Provei e viramos fregueses”, afirma a administradora Suzi Kaline.

Motivação

“Além de ser bem gostoso, a gente compra também pela história dele. Merece apoio por ser um jovem empreendedor que não tem vergonha e vende dignamente seus docinhos para conseguir alguma renda, nesse tempo difícil até mesmo de conseguir emprego”, destaca o barbeiro Abel Evangelista.

A unidade tanto do beijinho quanto de brigadeiro é vendida a R$ 1,00. Além da freguesia certa, os docinhos vendidos pelo jovem cada vez mais conquistam novos clientes. Com as vendas dando certo, Abel se mostra satisfeito. Mas ressalta que motivou de enfrentar tudo isso foram os estudos e não pretende parar. “Como eu disse a primeira vez, mesmo que passasse no vestibular, iria continuar vendendo meus doces. E vendo todo dia. Saio de casa às duas horas, volto às vezes às 5h, 6h da noite. Mas satisfeito com o carinho e o respeito das pessoas comigo. É gratificante. Pretendo continuar”, concluiu o jovem.

MAIS Notícias

0 comentários

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *