Segurando pedaços de isopor com frases escritas numa mistura de palavras em Português e Espanhol, eles pedem comida, roupas, fraldas e também dinheiro. Pelos menos quatro famílias de imigrantes venezuelanos passaram a ocupar semáforos, e outros pontos estratégicos no centro comercial de Iguatu, no sentido de receber essas doações. Eles chegaram à cidade no início desta semana. Mário Rattia, líder do grupo, disse que estão peregrinando por estados brasileiros desde que deixaram a Venezuela, ano passado. No Brasil, passaram por Roraima, também por Manaus (Amazonas), Belém (Pará).
Antes de chegaram a esta cidade, estavam em Mossoró, no Rio Grande do Norte, há cerca de três meses. O imigrante afirmou que vieram em busca de trabalho e melhores condições de vida. “Quero morar aqui. Queremos morar aqui em Iguatu. Na rua pedimos dinheiro. Buscamos dinheiro, comida, fraldas”, relata, afirmando que a fuga do país de origem foi ocasionada pela crise econômica que assola o país vizinho desde 2013. “Lá ficaram nossas famílias, mães, pais, irmãos. Queremos trabalhar aqui, ganhar dinheiro, ter moradia e depois trazer eles”, disse. Em Iguatu, o grupo que é formando por 33 pessoas entre adultos e a maioria crianças, que estão morando em duas pequenas casas, na Travessa Júlio Cavalcante.
A chegada dos imigrantes despertou a atenção de moradores, que passaram a compartilhar vídeos e fotos mostrando as dificuldades que estão enfrentando. Muitas pessoas se mobilizaram e estão ajudando, através de campanhas pelas redes sociais e já conseguiram arrecadar alimentos, produtos de higiene e limpeza. “Recebi um vídeo de uma família venezuelana que está em um ponto de comércio no centro da cidade, logo em seguida já comecei a mobilizar os amigos e conseguimos arrecadar alimentos para essas famílias”, ressaltou a dona de casa Michele Quirino.
Saúde e assistência social
Secretários municipais da Saúde, Segurança e Assistência Social logo que souberam da chegada dos imigrantes, estiveram reunidos com o objetivo de disponibilizar ações necessárias para atender as necessidades básicas das famílias. De acordo com Patrícia Diniz, secretária de Assistência Social, Direitos Humanos e Cidadania, “O município prontamente já foi até o local onde alugaram as casas, ou seja, não estão em situação de rua, estão abrigados. Eles não são simples andarilhos, são pessoas que estão vindo da Venezuela se refugiando em outros países em função da situação econômica que lá se vivencia”. Patrícia ressaltou que está seguindo todos os protocolos de acordo com Nota Informativa recomendada pelo Ministério da Cidadania e Agência da ONU Refugiados para a chegada espontânea de venezuelanos incluindo indígenas.
A chegada dos imigrantes trouxe também preocupação para as autoridades da saúde do município, por conta da pandemia da Covid-19. Mas medidas já foram adotadas para cuidar dessas pessoas. “Nós viemos com a Vigilância Sanitária e Epidemiológica para ver as condições de saúde deles. Uma vez que eles vieram pela Região Norte do Brasil, tem essa nova CEPA. Imediatamente fizemos as testagens não só para a Covid, mas também outros exames para saber de forma geral o estado de saúde dessas pessoas, para que possamos tomar também medidas em questão da saúde”, declarou Sayonara Cidade, secretária da Saúde de Iguatu, ressaltando que o município já esteve reunido com eles e que vem prestando toda assistência necessária conforme orienta protocolos internacionais de imigração.
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