Insegurança, tensão e medo. O misto de sentimentos está sendo rotina para quem mora ou quer morar nos conjuntos habitacionais Dom José Mauro no Gadelha, em Iguatu. Tentativas de homicídio, criança baleada e confronto com a Polícia Militar reacenderam o debate sobre as políticas e planos de moradia e a necessidade de intervenção através das forças de segurança.
A Secretaria de Trabalho, Habitação e Assistência Social – SETHAS desconhece casos de abandono de moradia por determinação de grupos faccionados do crime organizado. Porém, reconhece que existem casos de ocupações irregulares e que um levantamento deve ser feito para atualização junto à Caixa Econômica Federal.
Nessa semana a Polícia Militar instalou um ponto base a fim de coibir eventuais crimes. Representantes do comando do Batalhão da PM de Iguatu e delegados da Regional de Polícia Civil estiveram nos blocos residenciais e traçaram estratégias no propósito de aproximar as ações de segurança à população local. “Nenhum passo atrás será dado. A população de bem não ficará refém da violência. E elas podem ajudar com as denúncias cujo anonimato será resguardado. A ideia é fechar o cerco contra o crime”, afirmou o tenente-coronel Giovane Sobreira, comandante do 10º Batalhão da PM.
Temor e esperança
No início de janeiro, apreensões de drogas e de armas de fogo foram registradas em residências do condomínio. Nesse mesmo mês, um carro foi alvo de incêndio criminoso em meio a uma tentativa de homicídio. Na época, dois homens encapuzados e armados com armas longas chegaram a pé e dispararam contra a vítima. Ela foi socorrida para o Hospital Regional de Iguatu. Conforme a polícia, a dupla após o crime incendiou um veículo de propriedade da vítima. No caso mais recente, uma criança que brincava no parque foi atingida por uma bala perdida após criminosos perseguirem uma vítima e atirarem contra ela. Já com a presença da polícia no local, dois homens foram presos nesta última semana após confrontarem policiais com disparos em via pública.
Por medo de represálias, muitos moradores preferem não falar sobre o assunto. Mas com a condição de que não fosse identificada, uma moradora concordou em falar. “Tem dia que você sai e não sabe se você vai voltar para dentro da sua própria casa, né? Você tem que ficar prisioneiro na própria casa. Infelizmente, é o que tem acontecido. Às vezes, de madrugada, a gente até escuta alguns tiros. A gente só ouve”, disse.
Antes de felicidade com o sonho da casa própria realizado, a relação das pessoas com o conjunto agora é de necessidade de dias melhores. Segundo eles, após a divulgação da ocupação pela PM, há esperança de melhoria na segurança, porém basta não ter policiamento que medo volta a aterrorizar o local. Através de mensagens, os moradores compartilhavam o mesmo pedido e dividem do mesmo temor. “Estamos muito assustados”, comentou um morador, que também com receio de represálias preferiu não se identificar.
Convivência e estrutura
Inauguradas desde junho de 2020 as moradias, do Programa Minha Casa, Minha Vida conforme o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), são compostas por 900 unidades habitacionais no Residencial Novo Tempo, dividido em três condomínios, cada um com 19 blocos de quatro andares, com investimento de R$ 65,7 milhões.
A titular da SETHAS, Patrícia Neila Diniz, afirmou que desde o início foram garantidas as políticas de assistência social junto ao condomínio através de projetos baseados em um conjunto de ações que pretende fortalecer a participação, inserção e integração dos moradores nas novas moradias, visando a melhoria da qualidade de vida, e relações de convivência e sociabilidade. “Entre as atividades já desenvolvidas, estão ações de gestão e capacitação do comitê gestor do residencial; o plantão social, onde moradores apresentam suas demandas sociais; além do diagnóstico sócio-produtivo e ações informativas, com encontros de revitalização e fortalecimento do trabalho social”, disse Patrícia Diniz.
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