É verdadeira a frase que diz: “O amor rompe fronteiras”, pois é prudente afirmar que o amor, o carinho, a afeição são sentimentos nobres do ser humano e podem fluir em qualquer fase da vida, inclusive na terceira idade. Foi o que aconteceu com o casal de viúvos que, apesar de morarem na mesma rua, praticamente vizinhos, há mais de 30 anos, nunca haviam pensado numa união conjugal. Por razões óbvias, a noiva era casada, tinha um companheiro, estava viúva há 6 anos, mas o noivo estava sozinho há 26 anos. Agora eles estão juntinhos, vivendo na mesma casa, compartilhando amor, carinho, atenção e dedicação, de um para o outro. Uma harmoniosa vida a dois depois de um jejum de solidão de mais de 32 anos, se somados os anos da viuvez de cada um.

Izídio Pereira da Silva, 86, e Ana Alves Moreira, 77, oficializaram a união no último dia 26 de abril. Casaram de papel passado e tudo. O casamento foi no Cartório Alves, na Rua Floriano Peixoto, Centro de Iguatu, celebrado por uma juíza de paz. Na mesma data, o pastor da Igreja Presbiteriana, Edson Márcio, onde os noivos congregam, era convidado do protocolo para abençoar o novo casal.

Foram dois meses, somente de namoro, até o sim. Izídio disse que chegou um momento que ele viu em Ana a companheira que faltava para compartilhar sua rotina. “Estou feliz por ela ter aceitado. Agora deixa de ser solidão e passa para vida a dois”, disse Izídio.

A mão de Deus

Izídio e Ana são evangélicos, congregam na Igreja Presbiteriana de Iguatu. Sempre frequentaram a mesma igreja, mas nunca havia se enxergado como namorados ou marido e mulher, mesmo os dois estando viúvos. Eles eram amigos, mas nunca imaginaram que um dia o destino os uniria no mesmo propósito do amor, amizade, confiança e afeto. Os amigos do casal, que sempre conheceram os dois, não têm dúvidas ao afirmar: “É coisa de Deus”.

A relação de amor entre os dois viúvos já estava desenhada, pois ambos eram amigos, antes de oficializarem a união. “Foi a mão de Deus sobre nós, pois nunca havia imaginado que isso fosse acontecer”, disse ela. Ana frisou que casar novamente, após 6 anos sozinha foi uma decisão que ela precisou dividir com os dois filhos, mas que obteve o aval dos dois. Foi o mesmo que ocorreu com Izídio, que recorreu aos 7 filhos para contar a novidade. Ninguém se opôs. Todos aprovaram a união. Os recém-casados já são experientes com netos. Izídio é avô de 14, mais 5 bisnetos, Ana, somente dois netos, um de cada filho.

Izídio e Ana já nem são mais dois adolescentes ‘apaixonados’. Mas a fase de namoro que durou dois meses, eles puderam se conhecer ainda mais. Agora, casados, estão juntos na mesma casa, na Rua Bevenuto Mendonça. Compartilham cuidados, fazem tarefas juntos, vão à igreja juntos e também vivem momentos com as famílias. Ana é um sorriso só de felicidade. “Eu vivia na solidão, agora tenho ele comigo’, revelou.

Os dois anciãos recém-casados estão demonstrando para quem quiser ver, que para o ‘amor’, não tem idade, é só seguir o caminho da busca e da boa convivência. Num tempo em que o mundo, vez por outra, dá motivos para dividir as pessoas, este casal está provando o contrário, vivendo juntos na terceira idade, compartilhando os melhores momentos.