Luís Sucupira é repórter fotográfico, jornalista (MTE3951/CE) e escritor
Em 24 de fevereiro de 2020, logo após as primeiras chuvas, saímos a convite da Liliane, fotógrafa naturalista do Jiqui, para realizar um ensaio de fotos da minha doce e bela Jamile e de Marília em um lugar incrível que fica aos pés da Serra do Franco em Quixelô, bem próximo à divisa com Orós.
Depois de muito rodar, chegamos a uma floresta de cumarus ou umburanas. A minha primeira impressão foi de estar entrando em um paraíso, de tão lindo e harmonioso. Fiquei um tempo parado olhando, apreciando aquela obra de Deus para só depois iniciar o ensaio.
Algumas dessas áreas onde existem cumarus foram desmatadas e queimadas. Numa delas tenho uma imagem de um gavião pousado nos galhos de uma delas que foi parcialmente queimada, fatalmente morta.
O cumaru é uma árvore medicinal da caatinga, muito usada para fazer xarope e também em remédios modernos de combate à trombose. Além disso, é conhecida como a baunilha brasileira. É uma planta, espécie de leguminosa, encontrada principalmente no estado do Pará, que é responsável por 87,4% da produção de cumaru do Brasil.
Em plena caatinga quixeloense a gente encontra várias delas. É uma farmácia também e por isso mesmo deveriam ser protegidas, mas a desinformação é o maior inimigo da natureza.
Ao serem queimadas, cortadas, enfim, mortas para sempre, estamos destruindo medicamentos naturais eficientes. A amêndoa de cumaru é bastante usada para curar doenças como úlceras bucais, asma, coqueluche, tuberculose, dores de cabeça, dores nas articulações e antiespasmódico. Na culinária, ficam ainda mais saborosos o pudim de leite condensado com cumaru, pudim de leite condensado na lata, mousse de chocolate com cachaça e cumaru, mousse de cumaru, chocolate branco, morango e chocolate meio amargo, bolo de mandioca e por aí vai.
A sua importância medicinal é enorme, inclusive recomendada para mão-pé-boca, pois as sementes de cumaru possuem entre 34% e 40% de um óleo amarelo claro de aroma agradável – por isso o cumaru é chamado de baunilha brasileira. Esse óleo contém ácidos graxos de cadeia longa, como o ácido linoleico, entre outros componentes importantes para a saúde. Mas não pode ser consumida de forma exagerada para não ofender o fígado.
Tem gente na internet ganhando muito dinheiro comercializando essas amêndoas que, inclusive, são exportadas para vários países do mundo. A grande vantagem é que não precisa fazer muita coisa. É preservar, colher, processar e vender.
A floresta de cumarus que existe em Quixelô não é apenas bela de encher os olhos, mas recarrega a saúde. O ensaio que fizemos lá foi inesquecível e esta semana procurei saber como está a Floresta de Cumarus de Quixelô e para a nossa felicidade está inteira, intacta e ainda mais bonita.
A Farmácia Cumarus está aberta 24 horas e é tudo de graça.
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